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sexta-feira, 24 de junho de 2011

TRATAMENTO PARA APOSTADORES COMPULSIVOS

Remédio contra alcoolismo é testado em viciados em jogos


Estudo realizado com voluntários no Rio de Janeiro e em São Paulo busca alternativas para combater a "fissura" de viciados em apostas


A Santa Casa da Misericórdia no Rio de Janeiro está a procura de voluntários para realizar a segunda etapa de testes em que medicamentos usados no combate ao alcoolismo são prescritos para combater a “fissura” de jogadores patológicos (que precisam apostar dinheiro).

Assim como o alcoolismo, o vício em jogo não tem cura e o tratamento leva a crises de abstinência. A recuperação pode se dar com a ajuda de grupos como Jogadores Anônimos ou tratamento psicoterapêutico ou psiquiátrico (em que sessões de análise são combinadas com medicamentos de uso controlado).

“É muito comum ver jogadores patológicos sofrendo com depressão aguda”, afirma a psicóloga Viviane Fukugawa, integrante da equipe de pesquisa do Programa de Transtorno do Impulso do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa.

Desta vez será testado o Naltrexone que, nos alcóolicos, bloqueia receptores responsáveis pelo efeito excitatório causado pelo bebida. A ideia é comprovar se o medicamento – de uso controlado – também é capaz de combater a “fissura” dos jogadores patológicos.

O estudo também está sendo realizado em São Paulo, no Hospital das Clínicas da USP. A pesquisa começou em 2010, com cerca de 60 voluntários em cada estado. Na primeira etapa, jogadores receberam doses de Topiramato, também de eficácia comprovada no controle de compulsão por álcool e alimentos.

A vantagem de um remédio sobre o outro é o foco do estudo. “Os dados do Topiramato e Naltrexone serão comparados e analisados ao final do processo, que ainda não tem data”, explica a supervisora do programa no Rio de Janeiro, Elizabeth Carneiro.

“De todo modo, já tivemos bons resultados. Mas como o estudo é duplo cego, ou seja, alguns voluntários recebem placebo, ainda não podemos afirmar se os casos bem sucedidos foram consequência do Topiramato, medicação testada até agora”, acrescenta Viviane Fukugawa.

Assim como o trabalho com o Topiramato, a segunda etapa, com Naltrexone, será realizada em 12 semanas (três meses). De acordo com Fukugawa, a nova fase também será feita com placebo. A cada 15 dias os voluntários terão de comparecer à Santa Casa para acompanhamento presencial. Na quinzena seguinte, o monitoramento será feito por telefone.

Simpósio vai atualizar dados

De acordo com a psicóloga Viviane Fukugawa, na próxima semana (entre os dias 27 e 30 de junho) será realizado um simpósio no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, no Rio de Janeiro, em que serão atualizados os estudos sobre jogadores patológicos.

“Até então, sabia-se que homens eram mais propensos ao vício. Mas posso afirmar que hoje esta situação está bem equilibrada entre homens e mulheres”, diz a psicóloga.

Outro dado que será apresentado diz respeito a um novo perfil de jogador. “O que está acontecendo, por exemplo, é um número muito grande de pessoas que fazem apostas na internet”, adianta Fukugawa. “Mas, atenção, não é o jogo eletrônico em si. Para ser patológico, tem que ter apostas”, complementa.

Voluntários interessados na pesquisa na Santa Casa da Misericórdia podem se inscrever pelo telefone (21) 7871-0169 (com Elizabeth ou Viviane). Para se candidatar é preciso ter entre 21 e 65 anos.



Com Informações do IG

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