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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

ARTIGO: Da Praça Saraiva ao Parque da Bandeira - Uma Estória e Tanto !!

No fim da década de 70, inicio dos anos 80 do século passado, meu pai resolveu investir na venda de fumo, produto originário e industrializado no estado de Sergipe. Antes do depósito que ficava localizado na rua Firmino Pires entre a Paissandu e Félix Pacheco na região central de Teresina, ele trabalhou no ramo de hotelaria, sendo proprietário do Hotel Caxias, um dos mais procurado pelos viajantes e visitantes que iam à Verde Cap naquele tempo. 

Antonio Elias como era conhecido, foi um dos primeiros a comprar jóias de ouro e prata, na rua Areolino de Abreu, próximo à Caixa Econômica Federal. Meu genitor gostava de comprar e vender carros, mas tinha também o lado colecionador e não perdia a oportunidade de investir num veículo das antigas. Os carros de sua preferência, eram um Alfa Romeo azul, que usava durante suas viagens pelo interior do Maranhão e Piauí e um Opala SS branco com listras preta, que ele dizia: Só usava para cartar (Fazer bonito), mas tinha na garagem uma Brasília, TL, Caravam e um Jipe 58 cara alta, todos em perfeito estado de funcionamento. Nunca é demais lembrar que sua paixão por carros começou, quando comprou o primeiro deles - O imbatível Fusca. Sábado era dia de lavar e polir os automóveis. Aos domingos a jornada era dupla no Piauí Esporte Clube e Círculo Militar, diversão total.

Mas voltemos ao fio da meada e vamos falar sobre o depósito de fumo, que foi adquirido do senhor Manoel Paraibano, o maior botafoguense que conheci. "Seo" Manoel deixou o ramo do tabaco para se dedicar à compra de sucata, atividade que prosperou na capital piauiense e despertou o interesse de muita gente. 

Meu pai não tinha nenhuma experiência no negócio do fumo, por isso contratou Mazinho, que administrava o depósito para o antigo proprietário. Mazinho era fanático por futebol e enfeitava as paredes do local com pôsteres de vários times. Não menos admirador e principalmente praticante do esporte bretão era e são, eu e meus irmãos Márcio Rubens e Marcos Antonio (Marquinhos), e o amigo de infância Mauro. Todo santo dia que Deus dava, jogávamos bola na calçada do depósito. Os jogos eram duros e muitas vezes terminava com entradas ríspidas e violentas de ambas as partes. Nada que afetasse o confronto do dia seguinte. O Mauro ainda hoje reclama das pancadas que levou quando ficava frente a frente comigo, mas continuamos amigos e sempre que podemos relembramos aqueles dias maravilhosos e inesquecíveis. Marquinhos, meu mano caçula, foi o jogador mais obediente taticamente que vi jogar. Marcava com perfeição, mas se fosse para bater era com ele mesmo. Formávamos uma dupla e tanto. Gereba ex-lateral do River, Gentil do cassino, Waldemar Pinto, Caboré, Senzala, Gregório do hotel Trianon, Hamilton da Casa do Fumo, Severo da lanchonete do Adolfo, Jerry e outros fãs, não arredavam pé antes das partidas terminarem.

Nosso playground era bom demais, mas quando chovia alagava e ficávamos privados da diversão predileta. Certo dia ao entrar no depósito, notei que existia um vão entre a parede do fundo e a última pilha de sacos de fumo. Igual ao "Lampadinha" auxiliar do professor Pardal, eis que surgiu uma "Ideia" no meu jovem cérebro - Porque não jogar aqui nos dias de chuva ? Lancei a proposta para os parceiros, que foi aceita de imediato. Vocês lembram que falei do hotel Caxias ? Pois é nesse ínterim, meu pai vendeu a hospedagem, mas não a placa luminosa. A dita cuja foi colocada sobre os fardos de fumo, e nós não sabíamos. Certo dia uma "Bomba" chutada por minha temida canhota, terminou por acertar-la, fazendo com que despencasse das alturas e virasse cacos para nosso desespero. Tentei falar sobre a tragédia para meu pai em duas oportunidades, mas o receio da pisa certa, me fez recuar. De nada adiantou, dias depois o senhor que havia comprado o hotel veio para adquirir a placa e não tive outra alternativa - narrei o fato, que terminou em uma pisa encangada. Eu, Márcio e Marquinhos de joelhos ao pé da cama levamos umas boas tacadas de corda dobrada em 3 voltas. Até hoje dói. Como era o mais velho - chamado de o "Pai da malhada" levei mais peia, que os maninhos.

Essa narrativa não é estória. Naquele tempo aprontamos poucas e boas da praça Saraiva ao Parque da Bandeira. Fizemos HISTÓRIA !!



Por: Jurandir Viana    

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