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sábado, 28 de abril de 2012

IBGE: Jovens Piauienses São 1º Lugar em Abandono do Ensino Médio

O IBGE divulgou os Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010, que apresentam uma série de mudanças ocorridas no país de 2000 para 2010, com detalhamento, inclusive, por município, além de trazerem informações pesquisadas pela primeira vez. A pesquisa inclui informações sobre características de migração, nupcialidade, fecundidade, educação, trabalho e rendimento, pessoas com deficiência, domicílios e deslocamento para trabalho e estudo, e tempo de deslocamento para trabalho.

No período de dez anos, o número de óbitos de crianças menores de um ano caiu de 29,7 para 15,6 para cada mil nascidas vivas, um decréscimo de 47,6% na taxa brasileira de mortalidade infantil. Entre as regiões, a maior queda foi no Nordeste, de 44,7 para 18,5 óbitos, apesar de ainda ser a região com o maior indicador.

A pesquisa revela que 24% dos jovens de 24 a 30 anos do Piauí abandonaram o ensino médio sem sua conclusão.

No 2010, havia 45,6 milhões de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, auditiva, motora e mental), representando 23,9% da população.
No Piauí, a investigação de deficiências na população é de 27,6%.

O nível de instrução da população aumentou: na população de 10 anos ou mais de idade por nível de instrução, de 2000 para 2010, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 65,1% para 50,2%; já o de pessoas com pelo menos o curso superior completo aumentou de 4,4% para 7,9%.

De 2000 para 2010, o percentual de jovens que não frequentavam escola na faixa de 7 a 14 anos de idade caiu de 5,5% para 3,1%. As maiores quedas ocorreram nas Regiões Norte (de 11,2% para 5,6%, que ainda é o maior percentual entre as regiões) e Nordeste (de 7,1% para 3,2%).

Em 2010, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas com rendimento de trabalho foi de R$ 1.345, contra R$ 1.275 em 2000, um ganho real de 5,5%. Enquanto o rendimento médio real dos homens passou de R$ 1.450 para R$ 1.510, de 2000 para 2010, o das mulheres foi de R$ 982 para R$ 1.115. O ganho real foi de 13,5% para as mulheres e 4,1% para os homens. A mulher passou a ganhar 73,8% do rendimento médio de trabalho do homem; em 2000, esse percentual era 67,7%.
As pessoas que ganhavam mais de 20 salários mínimos de rendimento mensal de todos os trabalhos representaram 0,9% da população ocupada do país, em 2010, enquanto a parcela das sem rendimento foi de 6,6% e a das com remuneração até um salário mínimo, 32,7%.

No Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de seis a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora. Já no Rio de Janeiro, 2,0 milhões (38,6%) levavam entre seis minutos e meia hora, 1,6 milhão (30,7%) levava entre meia e uma hora e 1,2 milhão (23,1%) levava mais de uma hora.

CASAMENTO E FILHOS AFASTAM JOVENS DO ENSINO MÉDIO NO PIAUÍ


O lacador de carros Francisco das Chagas dos Santos Silva, de 29 anos, trabalha das 7h às 17h30 todos os dias sob o sol forte de Teresina, capital do Piauí, lavando carros nas margens do rio Parnaíba para ganhar uma média de R$ 540,00 por mês, dinheiro insuficiente para viver bem ao lado da mulher e das duas filhas, uma de 7 anos e uma de 6 anos.

Francisco das Chagas acha que seu futuro poderia ser diferente se não tivesse abandonado o ensino médio no primeiro ano quando sua mulher ficou grávida e foi obrigado a trabalhar.

“Eu sonhava ser soldado e continuar estudando para ter uma carreira militar. Hoje, eu já ficaria contente se fosse motorista”, declarou Francisco das Chagas.

Ele conta que abandonou o ensino médio por necessidade de trabalhar para sustentar a mulher que ficou grávida.

“Eu ainda tentei continuar estudando, mas chegava no colégio e tinha vontade de ficar dormindo. Terminei desistindo. Afinal, eu tenho que sustentar minha família e a prioridade é o trabalho”, afirmou Francisco das Chagas.

Ele recorda que também tinha o desestímulo das graves e na falta de professores em sua sala de aulas na Unidade Escolar Roberto Siqueira, uma escola do governo do Piauí.

“No início do ano e das aulas, faltavam professores ou porque estavam em greve ou mesmo a falta de professores para dar a disciplina. A gente chegava na aula às 19h e ia ter a última aula, às 21h. Uma hora depois, as aulas acabavam e a gente tinha dormido mais do que assistido às aulas”, declarou Francisco das Chagas.

A gravidez foi a causa do abandono do ensino médio no primeiro ano Adriane Maria, de 25 anos, . Ela disse que ficou na escola de ensino médio na cidade de Altos (42 km de Teresina) ainda no oitavo mês da gravidez. Para estudar o ensino médio, Adriane Maria saía todos os dias cedo da tarde do povoado rural Novo Santo Antônio, a 18 quilômetros do centro de Altos, para estudar.
O transporte escolar era fornecido pela Prefeitura Municipal.

“Com uma criança pequena não dava para estudar tão longe. O jeito foi deixar a escola para cuidar de minha filha e sempre sonhei em advogada”, declarou Adriane Maria, que tem uma filha de dois anos.



Fonte: Assessoria de Comunicação/IBGE

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