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domingo, 20 de maio de 2012

ASSIM NASCE A DEMOCRACIA !! POLÍTICA

Igino Giordani (1894-1980) foi jornalista e autor de mais de cem livros. Dirigiu publicações de cultura, inclusive a Biblioteca Vaticana. Teve uma profícua carreira na política italiana. No mês em que recorre o aniverário de sua morte, publicamos algumas de suas reflexões sobre a política como serviço ao bem comum.
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A política é feita para o povo e não o povo para a política. Ela é um meio, não um fim. Antes a moral, o homem, a coletividade, depois o partido, o programa partidário, as teorias de governo.
A política é - no mais digno sentido cristão - uma serva, e não deve tornar-se senhora: abusiva, dominadora, dogmática. Nisto reside a sua função e a sua dignidade: ser serviço social, caridade em ação, primeira expressão da caridade pátria.

Aos jornais chega o difundido sentimento de desprezo pelos partidos e pela política. Não também sabemos algo sobre isso, ouvindo o que nos falam e lendo o que nos escrevem. Muitos acham que a política é uma atividade inferior e equívoca, que deve ser relegada aos lobistas. E não entendem que, quando as pessoas honestas se afastam dela, o seu campo é invadido pelas desonestas. A política carrega atrás de si toda a nossa vida, física e moral. Uma política feita por desonestos leva à guerra, à instabilidade financeira, à ruína da riqueza pública e privada, à imoralidade, ao desprezo pela religião, à destruição das famílias... Em síntese, se a política é suja, devemos limpá-la, não desertar dela.

O centro da reforma ou da revolução é o homem. Dele partem o bem e o mal. Na democracia, mais do que em qualquer outro regime, o homem é, em certo sentido, gênese do regime. Vive nele não como receptáculo, mas como soldado; não "como objeto e elemento passivo da vida social", mas como "sujeito, fundamento e fim".

(...) Um cidadão com essa consciência está na sociedade como o fiel está na Igreja: com uma função individual e social, livremente em comunhão com os outros e não mergulhado na massa de modo amorfo, como uma lama disforme, movida por quem reina com manipulações, que podem ser instrumentos de guerra ou outras loucuras. Assim como na religião [a pessoa] forma a Igreja, na política ela forma o povo - povo e não massa.

Não existe povo soberano se o cidadão for servo. O povo é soberano quando se reconhece a cada um de seus componentes um princípio de soberania, ou melhor, quando cada um faz valer na comunidade os direitos pessoais, dos quais a soberania deriva.

Não é o cidadão quem adquire valor a partir da nação, mas é a nação que adquire valor a partir dos cidadãos. Não vem antes a política e depois o direito dos indivíduos, mas a política deve tutelar o direito dos indivíduos na comunidade.

Devemos estar na política como cidadãos e não como servos. Desta posição nasce a democracia.

Essa consciência do próprio valor poderia se transformar em soberba e tornar-se um estímulo antissocial de exploração e domínio: poderia inverter a direção. É por isso que entre esses valores deve
inserir-se, antes de tudo, a caridade, que é o serviço aos próprios irmãos. Sem ela, todo valor se desvaloriza, toda conquista torna-se servidão, e perdemos tempo.
 

 
Fonte: Cidade Nova - Abril 2012 - nº 4
Republicado do Juazeiroalerta.blogspot.com
Edição: Jurandir Viana
 
 

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